Wednesday, October 22, 2008

PSICOLOGIA DO DESPORTO E O EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS

RESUMO

A manutenção de hábitos saudáveis durante a vida toda é muito importante para envelhecer com saúde, o cuidado com a alimentação, evitando fumar e exagerar nas bebidas alcoólicas além de praticar exercícios físicos regulares. O objetivo deste trabalho é abordar as questões referentes à prática de exercícios físicos na terceira idade e sua importância. Os objetivos específicos são de apresentar os processos fisiológicos do envelhecimento, verificar de que forma esta prática melhora a qualidade de vida dos idosos, bem como verificar quais as actividades mais indicadas e os cuidados que se deve ter com esta população. Trata-se de um trabalho de revisão, onde se utilizou da pesquisa bibliográfica em livros e artigos actualizados. Concluiu-se que a prática de exercícios físicos na terceira idade é de fundamental importância no processo de envelhecimento com saúde, qualidade de vida e autonomia.


Palavras-chave: Actividade física. Exercício Físico. Envelhecimento.



INTRODUÇÃO


O presente trabalho cujo tema é Psicologia do Desporto e o Exercício Físico em Idosos surge no âmbito de avaliação da cadeira de Psicologia do Desporto e tem por objectivo avaliar a influência do exercício físico (programado e sistematizado) e da actividade física (como actividade de lazer), nos aspectos psicológicos (índices indicativos para depressão e ansiedade), em idosos.
Para Ramos (1999), o envelhecimento é um fenômeno fisiológico e se caracteriza por ser um processo progressivo. Por ser um fenômeno fisiológico, o envelhecimento acontece com todo ser humano, apesar de se declinar fisiologicamente em geral com a idade, nem sempre declinam com o mesmo ritmo segundo McArdle et al (1998) essas mudanças que ocorrem no processo de envelhecimento variam de individuo para individuo, dependendo de factores como hábito de vida e herança genética.
Neste contexto, é prático que a actividade física é capaz de minimizar os efeitos do envelhecimento, mesmo nas idades mais avançadas, quando esse processo se acelera. Isso garante aos idosos a possibilidade de continuar desenvolvendo suas principais actividades cotidianas.


Objectivo Geral


· Implantar uma mudança de hábitos e valores em relaçào ao corpo e proporcionar benefícios físicos, psicológicos e sociais ao idoso, retardando o desenvolvimento de doenças crónicas que acometem a população idosa, melhorando o auto-estima dos indivíduos, oferecendo a estes a opurtunidade de uma vida mais activa.

Objectivos Específicos


· Proporcionar conhecimentos e o aperfeiçoamento aos alunos do curso de educação física e desportos;
· Procurar contribuir com a melhoria da qualidade de vida dos idosos através de um programa de actividade física diversificado;
· Oportunizar ao aluno do curso de Educação Física actuar como professor, colocando-o de frente com situações e problemas a serem pensados e refletidos.



METODOLOGIA


Após a pesquisa, consulta de vários documentos e compilação de dados foram criados mecanismos que se basearam no resumo da matéria e escrituras de vários autores. De notar que os meios de comunicação social também serviram para a efectivação desta obra. A pesquisa bibliográfica fez-se necessária para a conceituação de dados obtidos através de outras fontes. Já as consultas na internet possibilitaram a colecta de alguns dados que não foram encontrados na pesquisa bibliográfica.


PSICOLOGIA DO DESPORTO E O EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS


PSICOLOGIA DO DESPORTO


Definir o conceito de «Psicologia do Desporto» não é tarefa fácil. Talvez porque as definições que “são habitualmente apresentadas reflictam a coexistência de múltiplas concepções teóricas e metodológicas” (Riera, 1985: 30). Porém, parece-nos importante apresentar aqui um dos possíveis entendimentos deste conceito. Todavia, começarei no entanto, por referir que “Psicologia é o ramo da ciência que estuda os fenómenos da vida consciente, na sua origem, desenvolvimento e manifestações” (Brito, 1994b: 173). Ainda segundo este autor, é usual que de acordo com os indivíduos e as actividades que são estudadas, dividir a psicologia em várias “ramos” (psicologia clínica, animal, da criança, etc.). Por outro lado, é ainda vulgar considerarem-se a existência de “áreas, divisões, escolas, teorias ou tendências” da psicologia, conforme a metodologia ou a perspectiva filosófica.
É pois nesta perspectiva que define-se a Psicologia do Desporto, isto é, uma área da psicologia, estabelecida em função de uma actividade que vai estudar o comportamento dos indivíduos em situação de prática desportiva bem como todos os fenómenos da vida consciente que a ela se podem associar.
De uma maneira geral, a Psicologia do Desporto estuda, pois, o comportamento dos indivíduos nas diferentes situações da actividade desportiva:
- na aprendizagem, no treino, nos estágios, nas viagens, nas competições (antes, durante e depois), na vitória e na derrota, nas lesões, na fama e na glória, no infortúnio e no abandono;
- nas relações inter-pessoais, com colegas, adversários, treinadores, dirigentes, juízes;
- estuda também o público, a comunicação social e as suas influências sobre os desportistas, assim como todo o conjunto de valores e símbolos, instituições e funções que compõem ou integram o mundo do desporto.
Em suma, concordamos que a psicologia do desporto seja “um ramo independente da psicologia porque os elementos psicológicos do desporto são específicos e se distinguem radicalmente dos observados noutros domínios da actividade humana” (Brito 1996a: 69), caracterizando-se este novo ramo da psicologia, como a ciência que se dedica ao estudo dos efeitos dos factores psicológicos (afectivos, cognitivos, motivacionais, sensório-motores e outros), no comportamento do ser humano em situação de prática desportiva, bem como, os efeitos que essa participação, em actividades físicas competitivas e recreativas, poderão ter nos seus praticantes. O seu objecto de estudo é o próprio desporto e os seus intervenientes mais directos.



PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO EM IDOSOS


Aspectos Fisiológicos do Envelhecimeto


Compreende-se por envelhecimento o fenômeno biopsicossocial que atinge o homem e sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. Actualmente esse fenômeno abrange um amplo campo de pesquisas e estudos, pois o envelhecimento tem, sobretudo, uma dimensão existencial que se reveste de características biopsíquicas e socioculturais, por isso, sua análise deve ser realizada com base na dimensão biológica, sociológica e psicológica.
Porém, a terceira idade é marcada como uma fase pela diminuição da capacidade funcional do organismo, Paschoal (1996 in Mazo et al, 2004) coloca que “no processo natural de envelhecimento, diminui a capacidade funcional de cada sistema e, com o aparecimento das doenças crônico-degenerativas, prevalecem às incapacidades”. De acordo com o mesmo autor esta queda na capacidade funcional dos idosos pode ser acelerada ou retardada de acordo com factores genéticos bem como do estilo de vida e o ambiente em que se vive.
A terceira idade é dominada pela diminuição de massa magra nos tecidos e um aumento de massa gordurosa, além de uma progressiva atrofia muscular, perda de minerais ósseos. A soma destes factores leva à diminuição da mobilidade das articulações, o que leva à uma diminuição ainda mais acentuada nas actividades físicas.
Este declínio da massa muscular magra se dá tanto pela diminuição do número de fibras quanto no tamanho delas. Alguns autores colocam que as fibras de contração rápida são mais prejudicadas (SHEPHARD, 2003). Este mesmo autor descreve que a força possui importantes implicações para a massa óssea, bem como no padrão morfofuncional do sistema de locomoção dos idosos, no equilíbrio e risco de quedas, constituindo-se em uma capacidade física de fundamental importância para a qualidade de vida dos idosos.
O desempenho cardiovascular também sofre os efeitos do envelhecimento, esta perda é progressiva. A maioria das pessoas apresenta, com o avanço da idade, um declínio no VO2 máx, este facto determina que, por volta dos sessenta anos de idade esta capacidade esteja bastante reduzida comprometendo a autonomia do sujeito, pois prejudica a realização das tarefas diárias. Há também uma diminuição da força e massa muscular.
Os efeitos fisiológicos do envelhecimento são relacionados por Marchi Netto (2004) como: o enfraquecimento do tônus muscular e da constituição óssea leva a mudança na postura do tronco e das pernas, acentuando ainda mais as curvaturas da coluna toráxica e lombar. As articulações tornam-se mais endurecidas, reduzindo assim a extensão dos movimentos e produzindo alterações no equilíbrio e na marcha. Quanto ao sistema cardiovascular, é próprio das fases adiantadas da velhice a dilatação aórtica, a hipertrofia e dilatação do ventrículo esquerdo do coração, associados a um ligeiro aumento da pressão arterial.


Benefícios da Prática de Exercícios Físicos em Idosos


Os indivíduos que têm a mesma idade cronológica não têm a mesma condição física, uma vez que ela é determinada por uma série de factores como a herança genética, os hábitos de vida, prática de atividades físicas etc. Uma prova disso é que pessoas fisicamente activas com 60 anos de idade, em geral, tem a idade biológica de um sedentário 20 anos mais jovem.
O sedentarismo é o estilo de vida que traz os maiores problemas no envelhecimento. Sendo assim, os benefícios da prática regular de exercícios estão sendo amplamente divulgados pelos meios de comunicação, bem como tornam-se alvo de muitas pesquisas. Nahas (2001) corrobora com esta afirmação quando coloca que a diminuição funcional e a redução na qualidade de vida do idoso são atribuídas a três factores: envelhecimento normal, doenças e inatividade. Afirma também que entre os factores que ameaçam o bem-estar do idoso é a perda da independência, seja por doença, acidente, a falta de uma rede social, ou ainda as questões financeiras.
O exercício físico é de fundamental importância para esta população, uma vez que possibilita a retomada da independência física, além de facilitar as relações entre os participantes. Neste aspecto, os exercícios em grupos são os mais interessantes e indicados.
Há uma considerável melhora nas relações sociais, na saúde física e psicológica, colaborando para retardar o processo de envelhecimento e proporcionando uma velhice mais autônoma e independente, com uma qualidade de vida elevada, além de diminuir a incidência de doenças crônico-degenerativas. Shephard (2003, p.28) coloca que exercício regular tem a capacidade de reduzir a idade biológica de 10 a 20 anos, e isso não é milagre.
Nahas (2001) apresenta uma série de benefícios da prática regular de exercícios físicos: promove uma melhora fisiológica (controle da glicose, melhor qualidade de sono, melhoras das capacidades físicas relacionadas à saúde), psicológica (relaxamento, redução dos níveis de ansiedade e estresse, melhora o estado de espírito, melhoras cognitivas) e social (indivíduos mais seguros, melhora a integração social e cultural, integração com a comunidade, rede social e cultural ampliadas, entre outros), além da redução ou prevenção de algumas doenças como a osteoporose e os desvios de postura.
Pesquisas recentes apontam para uma melhora na consciência corporal, bem como um aumento do bem-estar físico e psicológico, diminuição dos níveis de estresse e conseqüente redução de casos de depressão.
O objectivo da prática de exercícios na terceira idade é preservar ou melhorar a sua autonomia, bem como minimizar ou retardar os efeitos da idade avançada, além de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos. Shephard (2003) acrescenta ainda que um objectivo muito importante de um programa de exercícios para os idosos é elevar a expectativa ajustada à qualidade de vida destes indivíduos. O ideal é que promova uma interação social, além de manter a mobilidade e autonomia deste idoso.
Na verdade, a velhice é marcada por uma série de limitações físicas e psicológicas, que devem ser analisadas antes do início de um programa de exercícios. A moderação e o bom senso são muito importantes neste momento. O ideal é que o início seja lento e gradual, respeitando sempre os limites de cada indivíduo.
A avaliação inicial é importantíssima, uma vez que muitos idosos têm doenças e tomam medicamentos. A hipertensão, diabetes, osteoporose e doença cardiovascular e problemas articulares, são algumas das mais comuns entre esta população. Sendo assim o cuidado deve ser redobrado para que cada exercício seja adequado àquele sujeito e sua condição.
A partir da avaliação podem-se iniciar as actividades. Variados tipos de actividades físicas vêm sendo propostos, e entre elas a hidroginástica, a ginástica, a musculação e a caminhada, ficando a cargo do idoso escolher a que melhor de adapta (SANTOS & PEREIRA, 2006).
Como vimos nesta fase da vida há uma sensível diminuição da massa muscular magra o que colabora, entre outros factores, com o surgimento da osteoporose. De acordo com Nahas (2001), as actividades como caminhada e dança são bastante apreciadas pelos idosos, além de ser um óptimo exercício para a melhora do sistema cardiovascular. Acrescentam-se ainda exercícios resistidos, que promovem um aumento da massa muscular e melhora o equilíbrio.
Não obstante, os exercícios de musculação são bastante eficazes, uma vez que melhoram a capacidade e força muscular, estimulando o aumento da massa óssea, evitando, assim, as tão temidas fraturas por quedas. Essa melhora na força também é um factor de melhora da autonomia uma vez que o idoso consegue realizar suas tarefas diárias com mais facilidade.
Pesquisa realizada por Santos & Pereira (2006), verificou os benefícios da prática regular de exercícios em idosas e concluíram que a pratica de musculação e de hidroginástica reduzem a sarcopenia (diminuição da função da musculatura esquelética que acompanha o envelhecimento) induzida pelo envelhecimento. Com isso aumentando a qualidade da marcha, e reduzindo assim o risco de quedas e adicionando a eficiência na pratica de atividades da vida diária.
Carvalho et al (2004) pesquisaram o efeito de um programa combinado de actividade física de força máxima em homens e mulheres idosos. Verificou que paralelamente à actividade física generalizada, o trabalho resistido em máquinas de musculação parece ser ideal, uma vez que permite um maior controle da postura, além de um ajuste facilitado das cargas apropriadas aos grupos musculares.
Concluiu ainda que o treino progressivo de força, com intensidade moderada, pode ser efetuado com elevada tolerância por idosos saudáveis, desempenhando um papel importante enquanto estratégia para a manutenção e/ou aumento da sua força.
Um outro tipo de exercício também é bastante interessante é a hidroginástica. Este tipo de exercício é bastante eficaz nos casos de pessoas que sofrem com problemas articulares, onde o impacto nos membros inferiores é sensivelmente diminuído. A resistência aeróbica, força e flexibilidade podem ser trabalhadas no ambiente aquático, estes exercícios são mais fáceis de realizar e menos dolorosos, além de promover a interação social que tanto lhes é importante.
Ferreira (2003, p. 73) corrobora com esta colocação onde diz que “ as actividades aquáticas são excelentes para as articulações e para os músculos”.
Enfim, as possibilidades são muitas, desde yoga, alongamento, recreação, musculação, caminhada, de exercitar-se na terceira idade. Exercício faz bem em todas as idades, mas na velhice ele proporciona muitos benefícios. O importante é dar o primeiro passo em favor da saúde e contra o sedentarismo.


CONCLUSÃO


Podemos constar de um modo geral, que a actividade física ajuda o idoso a lidar com as transformações que ocorrem no seu corpo, sendo um recurso importante na melhoria da auto-estima, autoconfiança, satisfação e bem-estar psicológico. As mudanças no corpo resultantes da actividade física alteram positivamente a imagem corporal; os idosos adquirem maior independência, sentindo-se capazes de realizar actividades que anteriormente não realizavam; a possibilidade de interação social se constitui em um dos aspectos positivos levando-os a se sentirem capazes e úteis enquanto integrantes da sociedade. A actividade física ameniza a degeneração provocada pelo envelhecimento, possibilitando ao idoso uma melhor qualidade de vida activa, sendo benéfica para a saúde física, psicológica e social.


BIBLIOGRAFIA


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LORDA, C. Raul. Educação Física e recreação para a terceira idade. Porto Alegre, RS:
Sagra, 1990.
MARCHI NETTO, L. Revista Pensar a Prática 7: 75-84, Março – 2004. Disponível no: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/67/66, acesso no dia 17 de Outubro de 2008.
MAZO, G.Z.; LOPES, M.A.; BENEDETTI,T.B. Actividade física e o idoso. Concepção gerontológica. 2ed. Porto Alegre: Sulina, 2004.
McARDLE, Willian D; KATCH, Frank I; KATCHA, Victor L. Fisiologia do exercício.
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SHEPHARD, R.J. Envelhecimento. Atividade física e saúde. Tradução: Maria Aparecida Pereira. São Paulo: Phorte, 2003.