Wednesday, June 4, 2008

O DESPORTO E AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

O DESPORTO E AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
INTRODUÇÃO

O presente trabalho cujo tema é o desporto e a afirmação da identidade Nacional surge no âmbito de avaliação da cadeira de Sociologia Desportiva e tem por objectivo identificar o papel das identidades culturais no desporto e também pretende analisar os processos de influência que o enlace cultura - desporto produz na (re)construção da identidade nacional. As perguntas iniciais resultam assim nitidamente: como é que o desporto contribuem para a actualização da identidade nacional? Como é que podemos compreender o desporto como uma metáfora dos valores nacionais e estatais?
A disseminação planetária de informação e imagens desportivas gera, actualiza ou incrementa valores e padrões de comportamento que contribuem para a formação das diferentes subjectividades que o homem contemporâneo usa no seu dia a dia. Os media são um recurso muito influente neste processo porque constituem o meio e a mensagem que estabelece a conexão entre o sujeito e o mundo no espaço público nacional e mundial.

Objectivos

Objectivo Geral

· Identificar mecanismo do desenvolvimento do desporto através da afirmação da identidade Nacional.

Objectivos Específicos

· Analizar as situações concretas que ocorrem entre a identidade e o desporto, a fim de obtermos subsídios na sua interação.
· Estudar estratégias de modo a fazer compreender a importância do desporto na afirmação da identidade nacional.

1. DESPORTO E A AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL

Desporto é uma actividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser desporto tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por um confederação regente e competitividade entre opostos.
O desporto como actividade reflete o estilo de vida global. Tem sido um dos elementos que, apresenta - se como um meio positivo no estabelecimento das relações entre as identidades. Todavia, o desporto tem uma linguagem universal própria, que integra e interage no universo das experiências humanas e pode possibilitar a integração dos povos, a partir do respeito às identidades culturais. Outra questão que vem a tona quando se discute da identidade nacional, e em particular no que se refere ao desporto, são as relações espaço/comunidades que até então compartilhavam basicamente dos mesmos espaços geográficos, e hoje encontram-se espalhadas por espaços diferenciados, criando outras formas e meios de relações.
Neste contexto, percebe-se que apesar da questão da cultura parecer estar vinculada num primeiro momento a questões superficiais, ela envolve uma série de concepções complexas que ainda se encontram em fase de discussão por profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, entre elas o desporto, indiferentemente das raças, culturas, políticas ou economias existentes.

1.1. A identidade social e a identidade desportiva

A competição entre dois clubes não é apenas uma avaliação das capacidades de rendimento desportivo entre os que competem. É, também, um modo de se confrontarem e avaliarem as entidades que os competidores representam. E, muitas vezes, quem vence não é penas o clube, mas a cidade, a região ou o país. O desporto foi sempre, meio e expressão de afirmação de identidades. E essa uma das razões para o facto de, muitas vezes, as dinâmicas identitárias ultrapassarem as desportivas e estas serem contaminadas por outras dinâmicas sociais.
Numa análise mais atenta deste problema é curioso verificarmos que, estes traços singulares do desporto, se não diluem mesmo quando o desporto tende a reflectir o processo de globalização e emerge no contexto de uma cultura de massas como objecto de consumo transversal. Ao invés, aproveita essa dinâmica para acentuar e reforçar a sua singularidade identitária. É ao mesmo tempo bandeira e para além do espaço territorial que o contextualiza.
A utilização do desporto como meio de afirmação e expressão de identidades cultural ganha deste modo um novo fôlego ao ser transformado numa espécie de “linguagem universal” que se constitui, à escala global, como o melhor objecto de comunicação. Em certas circunstancias, uma vitória desportiva assume também um lugar legitimador na retórica política, servindo interesses e objectivos que estão muito para além do âmbito desportivo. O que torna a razão identitária facilmente manipulável e um caminho apetecível para todo o tipo de populismos.
A matéria tem sido objecto de vários estudos no domínio das ciências sociais. A relação do desporto com os meios de mediação social, particularmente a televisão, reactualiza o tema. A livre circulação dos praticantes desportivos, interroga-nos também, como será possível, no futuro, manter este registo identitário, quando crescentemente os praticantes tendem a não ter qualquer relação (de nacionalidade, de língua, de cultura) com aqueles que os apoiam.
O desporto tende a constituir-se como uma metalinguagem capaz de unificar e legitimar o que a língua nacional (factor primeiro de identidade) perdeu.

1.2. Desporto, um fenómeno social total

A importância social e cultural do desporto é tão profunda nas sociedades actuais que o conceito de Marcel Mauss de fenómeno social total (Karsenti, 1994) pode ser evocado, na medida em que mobiliza a totalidade da sociedade e das suas instituições. Nas palavras de Eric Dunning, durante o século XX o futebol emergiu como o mais popular desporto de equipa em todo o mundo. As razões para o seu sucesso residirão na simplicidade do jogo, pois não requer muito equipamento, é relativamente barato de praticar e é fácil de compreender. (Dunning, in Brown, 1998).
O desporto é um espectáculo de massas, de bairro, de rua e de escola, de colegas de trabalho e de torneios universitários, pratica-se e vibra-se pela televisão e na rádio, entre amigos ou vizinhos, nos restaurantes, nos cafés, no trânsito e no emprego, em casamentos e baptizados, sem raça, sem cor ou religião.
O desporto é um motivo de conversa e controvérsia, substituindo a meteorologia enquanto recurso temático para início de conversa ou para aproximação entre diferentes actores sociais (Gonçalves, 2002: 129). No desporto não é apenas a concretização do objectivo do jogo, ganhar o adversário em pontos. Todos os passes dos jogadores, bem concretizados ou falhados, são objecto de comentário entre o público de uma partida e tornam mais empolgante ao mesmo tempo que dramatizam, algo que se traduz nos coros entoados, nos bonés e nos hinos, nos palavrões e nos treinadores-de-bancada, nas caras pintadas e nas ondas gigantes, nas bandeiras e nas faixas enormes, nas claques e nos cachecóis.
Uma forma de cultura global que proporcione a competição desportiva entre nações e que faculta o desenvolvimento e produção de discursos identitários (Coelho, 2001: 40). Um espaço geográfico só se torna significante quando os indivíduos, em redes sociais específicas, atribuem ao local um significado. Assim, o local torna-se símbolo da rede social, partilhado por um grupo específico que acaba por manter e regular as relações do próprio grupo.
O desporto é, hoje em dia, um espaço público de união e constitui um dos vários alicerces da nossa sociedade em rede. Porque o desporto oferece à sociedade um espaço público de união.

1.3. Política do desporto na afirmação da identidade nacional

O desporto assume progressivamente uma maior presença e protagonismo nas sociedades modernas. Cada vez mais os cidadãos procuram na prática desportiva o bem-estar físico, a saúde e a ocupação dos tempos livres. Cada vez mais o desporto atravessa horizontalmente a sociedade, podendo influir de forma decisiva na promoção de uma região ou do próprio país, na actividade turística, nas iniciativas relacionadas com a preservação ambiental e em acções de grande importância para a coesão social ou para a reafirmação da identidade nacional. Cada vez mais, ainda, o desporto movimenta directa e indirectamente um diversificado número de actividades de que são expoentes mais paradigmáticos os espectáculos desportivos e a sua cobertura global pelos meios de comunicação. No desporto prevalecem, por outro lado, aspectos de grande significado para a formação física, cultural e cívica da generalidade dos cidadãos e que assumem particular importância para a juventude. Sendo uma área de grande capacidade mobilizadora das populações, o desporto é também um espaço privilegiado para o desenvolvimento de uma cultura assente na tolerância e no respeito pelo adversário, valores essenciais à prática desportiva mas também às sociedades democráticas e livres. Considerando que o desporto encerra estas características e que assenta de uma forma muito significativa no movimento associativo, deverão ser desenvolvidas medidas visando o apoio a este sector, de modo a permitir a concretização do progresso e afirmação de praticantes, técnicos e dirigentes e a generalização da prática desportiva à população. Os apoios terão em conta o papel insubstituível da iniciativa voluntária dos dirigentes de colectividades, clubes e associações; a importância da realização de iniciativas destinadas a populações especiais, como os cidadãos com deficiência; a formação dos diversos agentes desportivos, mas também dos jovens praticantes; o desenvolvimento de um programa nacional de infra-estruturas que corrija os desequilíbrios impeditivos de um maior acesso das populações à prática desportiva e lance os equipamentos necessários à plena concretização das necessidades colocadas pela realização das competições.
Na realização de competições desportivas o sector profissional merece a maior cooperação, em particular no apoio à formação dos seus quadros (técnicos e gestores) e praticantes, de modo a contribuir para a preservação da identidade própria da prática desportiva protagonizada pelos clubes e sociedades desportivas moçambicanas. É também reconhecida a importância dos resultados de relevo, conseguidos pelos desportistas nacionais, para a promoção da actividade desportiva e da imagem internacional do País, pelo que se deve desenvolver programas específicos visando o apoio à alta competição e à preparação atempada para os Jogos Olímpicos e mundiais. Reconhece-se também a importância que assumem sectores emergentes da actividade desportiva, assentes em empresas prestadoras de serviços ou na realização de iniciativas de desportos aventura e radicais, pelo que serão desenvolvidas acções de colaboração e de apoio a estas novas áreas.

2. METODOLOGIA

Após a pesquisa, consulta de vários documentos e compilação de dados foram criados mecanismos que se basearam no resumo da matéria e escrituras de vários autores. De notar que os meios de comunicação social também serviram para a efectivação desta obra. A pesquisa bibliográfica fez-se necessária para a conceituação de dados obtidos através de outras fontes. Já as consultas na internet possibilitaram a colecta de alguns dados que não foram encontrados na pesquisa bibliográfica.

3. CONCLUSÃO

Desde o fim do século XIX, altura em que despontou para o mundo, que o desporto devido a interação com as identidades e várias culturas, cresceu e sofreu várias transformações conceptuais não havendo dúvidas que hoje, em termos geográficos, atingiu a globalização. Não há dúvidas também que, o desporto é uma indústria à volta da qual gravitam milhões de dólares.
Nos últimos 50 anos o desporto não só se transformou numa diversão, mas também fez e faz crescer outras áreas da sociedade como a economia e a política interpretando da melhor forma as visões de geopolíticos consagrados. Com uma divisão multipolar do mundo, o desporto mais do que qualquer factor envolve regiões, pessoas e nações, fazendo parte da sua cultura.


4. RECOMENDAÇÕES

Em linhas mais gerais, tomamos em consideração que o tempo passa o mundo evolui e o interesse pelo desporto está cada vez mais crescente e devido a evolução há muitas transformações tecnológicas, os estatutos e leis no desporto são alterados continuamente. Este facto ilustra que existe uma interação entre o desporto e a afirmação da identidade nacional.
Contudo, o presente trabalho não termina por aqui. Recomendamos aos académicos, intelectuais, pesquisadores que está aberto um espaço para dar continuidade às investigações e/ou o debate sobre o mesmo.

5. BIBLIOGRAFIA

CASTELLS, Manuel (2002). A Era da Informação. Economia, Sociedade e Cultura, Volume I – A Sociedade em Rede, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

COELHO, João Nuno.Futebol e Identidade Nacional. Relações nternacionais.Universidade Nova de Lisboa,2002

BOURDIEU, PIERRE . Como é possível ser desportivo? In: Bourdieu, P. Questões de Sociologia. Rio de Janeiro. Marco Zero, 1983, pp. 136-153.

http://estadosdalma.blogs.sapo.pt/1413.html, acessado às 12:33 horas do dia 23 de Maio de 2008.

http://www.efdeportes.com/efd48/jurnal.htm, acessado as 15:00 horas do dia 27 de Maio de 2008.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Desporto, acessado as 08:00 horas do dia 27 de Março de 2007.