Wednesday, November 28, 2007

A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS DURANTE O PERÍODO GESTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho surge na tentativa de fazer saber e compreender a todos profissionais, técnicos de saúde e de educação física, não exceptuando às gestantes, os benefícios que o exercício físico trás àquelas pela sua prática. Acreditava – se, porém, que a prática de exercício físico durante a gestação podesse estimular indiscriminadamente a contracção uterina, promovendo a antecipação do trabalho do parto. Todavia, parece haver consenso de que a prática de exercício físico monitorado durante a gestação não contribui para a prematuridade. Dos diversos estudos consultados, argumenta – se que o efeito da estimulação da neuradrenalina, que ocorre com o exercício físico pode ser neutralizado tanto com o aumento de caticolaminas nas gestantes, como através dos níveis de caticolaminas fetais que permanecem estáveis à estimulação da neuradrenalina materna, protegendo o feto do excesso de actividade uterina.
A actividade física definida como qualquer movimento corporal decorrente de contração muscular, com dispêndio energético acima do repouso que, em última análise, permite o aumento da força física, flexibilidade do corpo e maior resistência, com mudanças, seja no campo da composição corporal ou de performance desportiva. A prática de actividade física regular demonstra a opção por um estilo de vida mais activo, relacionado ao comportamento humano voluntário, onde se integram componentes e determinantes de ordem biológica e psico-sócio-cultural. (SKINER, 1991)
A gestação é uma condição que envolve cuidados especiais na prescrição de exercício porque esta envolve o desenvolvimento do feto gerado no útero que posteriormente findo os 9 meses será gerado para o mundo fora.
As mulheres passaram, recentemente, a representar importante grupo na prática da actividade física e, embora persistam controvérsias sobre esta prática no período gestacional, a actividade física vem se integrando de forma crescente nesse grupo. Em décadas passadas, as gestantes eram aconselhadas a reduzirem suas actividades e interromperem, até mesmo, o trabalho ocupacional, especialmente durante os estágios finais da gestação, acreditando-se que o exercício aumentaria o risco de trabalho de parto prematuro por meio de estimulação da actividade uterina.
Contudo, em meados da década de 90, o American College of Obstetricians and Gynecologists (Colégio Americano de Ginecologia e Obstretícia), reconheceu que a prática da actividade física regular no período gestacional, deveria ser desenvolvida desde que a gestante apresentasse condições apropriadas.


1.1. Problema

O presente trabalho pretende responder à seguinte questão, “quais os efeitos da prática de exercícios físicos durante o periodo de gestação”.

1.2. Objectivos

O objectivo principal deste trabalho é apresentar considerações levantadas a respeito da prática da actividade física regular durante a gestação com enfoque especial sobre o efeito na saúde da gestante no crescimento fetal.

A PRÁTICA DE EXERCÍCIO FÍSICO DURANTE O PERÍODO DE GESTAÇÃO

2.1. Exercícios físicos e a gestação

a) Difinição de conteúdos

Para aprofundarmos mais o nosso estudo começaremos por definir alguns conceitos relacionados com o tema.
Assim, exercício físico, é a acção ou série de acções corporais com o fim de desenvolver a aptidão física, prescritas para prática regular ou repetida como meio de ganhar força, destreza, agilidade ou competência geral em algum campo de actividade, habilidades motoras ou reabilitação orgânico-funcional, definido de acordo com diagnóstico de necessidade ou carências específicas de seus praticantes, em contextos sociais diferenciados. A prolongação da vida e a terapia contra numerosas enfermidades são os principais benefícios do exercício físico (SKINER, 1991).
Porém, periodo de gestação refere - se a gravidez, ou seja, refere - se ao estado resultante da fecundação de um óvulo pelo espermatozóide, envolvendo o subsquente desenvolvimento do feto gerado no útero, que dura cerca de 9 meses, até seu nascimento (WISWELL, 1986). Há ainda a considerar a idade gestacional, definida como o tempo transcorrido entre o primeiro dia da última menstruação (DUM) e a data actual, medido em semanas e dias. A duração da gravidez tendo-se como base a DUM é, em média, de 280 dias ou 40 semanas, 10 meses lunares (de 4 semanas) ou 9 meses solares e 7 dias. Devemos nos lembrar que a duração da gestação varia segundo as características da mãe e do concepto. Também pode haver imprecisão na caracterização do último período menstrual.
Contudo, segundo DINIZ (1998), a aptidão física, pode se considerar como conjunto de atributos que uma pessoa ou um indivíduo tem oub adquire no seu cotodiano. Esta relacionado com a saúde e o bem estar dum indivíduo ao longo do desenvolvimento da actividade física.

2.2. Alterações fisiológicas durante a gestação

Diversas alterações ocorrem durante a gravidez, portanto um bom entendimento delas acaba favorecendo o profissional de educação física a orientar de forma eficiente e segura a mulher que se propõe a praticar exercício físico durante a gestação. De acordo com GUYTON (1998), as alterações que ocorrem são:

a) Alterações Hormonais

Mudanças significativas no perfil endócrino ocorrem durante a gestação, destacando-se quatro hormônios que desempenham um papel fundamental para a mãe e para o feto. Dois desses são os hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona, os quais são secretados pelo ovário durante o ciclo menstrual normal, passando a ser secretados em grandes quantidades pela placenta durante a gestação. Outros dois importantíssimos são: a gonodotrofina coriônica e a somatomamotropina coriônica humana.

b) Estrogênio

As principal funções do estrogênio são promover: proliferação de determinadas células (por exemplo, células musculares lisas do útero), aumento da vagina, desenvolvimento dos grandes e pequenos lábios, crescimento de pêlos pubianos, alargamento pélvico, crescimento das mamas e de seus elementos glandulares além de deposição de tecido adiposo em áreas específicas femininas, tais como coxas e quadris. Ou seja, o estrogênio é responsável por desenvolver as características sexuais femininas. Durante as primeiras 15-20 semanas de gravidez o corpo lúteo, responsável pela secreção do estrogênio e do progesterona, aumenta a secreção desses dois hormônios em duas a três vezes o normal, porém após a décima sexta semana a placenta passa a secretar esses hormônios, aumentando de forma drástica sua produção e fazendo com que a secreção de estrogênio fique cerca de 30 vezes maior que o normal. Durante a gravidez o estrogênio provoca uma rápida proliferação da musculatura uterina, aumento acentuado do crescimento do sistema vascular para o útero, dilatação do orifício vaginal e dos órgãos sexuais externos e relaxamento dos ligamentos pélvicos permitindo assim uma maior dilatação do canal pélvico o que facilita a passagem do feto no momento do nascimento. O estrogênio também é responsável por uma maior deposição de tecido adiposo nas mamas (algo em torno de ½ quilo) fazendo com que elas cresçam, aumentando o número de células glandulares e tamanhos dos ductos.
c) Progesterona

Ao contrário do estrogênio, a progesterona praticamente não exerce influência sobre as características sexuais femininas, mas sim sobre o preparo do útero para receber o óvulo fertilizado e da mama para secreção do leite. Durante a gestação, a progesterona atua disponibilizando para o uso do feto, nutrientes que ficam armazenados no endométrio. A progesterona também é responsável pelo efeito inibidor da musculatura uterina, uma vez que se isso não ocorresse, as contrações expulsariam o óvulo fertilizado ou até mesmo o feto em desenvolvimento. As mamas também recebem influência do progesterona, fazendo com que os elementos glandulares fiquem ainda maiores e formem um epitélio secretor, promovendo a deposição de nutrientes nas células glandulares.

d) Gonodotrofina coriônica

A função desse hormônio é manter activo o corpo lúteo durante o primeiro trimestre. Sem o corpo lúteo em actividade a secreção de progesterona e estrogênio seria afectada e assim o feto cessaria seu desenvolvimento e seria eliminado dentro de poucos dias. Após o primeiro trimestre a remoção do corpo lúteo já não afecta mais a gravidez uma vez que a placenta fica responsável pela secreção de estrogênio e progesterona em quantidades muito elevadas. A concentração máxima de gonodotrofina coriônica acontece aproximadamente na oitava semana, justamente o período que é essencial impedir a evolução do corpo lúteo.

e) Somatomamotropina coriônica humana

Esse hormônio é responsável principalmente pela nutrição adequada do feto, diminuindo, dessa forma, a utilização da glicose pela mãe e tornando-a disponível em maior quantidade para o feto. Ocorre também uma mobilização aumentada de ácidos graxos do tecido adiposo materno, elevando a utilização dos mesmos como fonte de energia em lugar da glicose. Um outro efeito desse hormônio é auxiliar o crescimento fetal, efeito esse semelhante ao do hormônio do crescimento, contudo esse efeito é relativamente fraco.
A maioria das glândulas endócrinas é alterada. A exemplo disso temos a tireóide também afectada, imitando assim os efeitos do hipertireoidismo, causando sintomas como: taquicardia, palpitações, respiração excessiva, instabilidade emocional e aumento da glândula tireóide. Mas em apenas 0,08% das gestantes ocorre realmente o hipertireoidismo. É comum ocorrer aumento dos hormônios adrenais, o que provavelmente pode contribuir para o surgimento de estrias róseas de pele. Níveis aumentados de glicocorticóides, estrogênios e progesterona modificam o metabolismo da glicose aumentando assim a necessidade de insulina. A insulinase produzida pela placenta pode afectar as necessidades de insulina provocando em muitos casos a diabetes gestacional.

f) Alterações Cardiovasculares

O débito cardíaco (DC) aumenta cerca de 30-50% iniciando esse aumento por volta da 16ª e atingindo o pico por volta da 24ª semana. Após a 30ª semana o DC pode diminuir um pouco, pois o útero aumentado obstrui a veia cava. Com o DC aumentado, a frequência cardíaca aumenta de 70bpm, em média, para 80-90bpm, acompanhado de um aumento proporcional no volume de ejecção. O volume sanguíneo também aumenta proporcionalmente com o DC.

g) Alterações Renais

A taxa de filtração glomerular (TFG) e o fluxo plasmático renal (FPR) são aumentados durante a gravidez e esses aumentos são relacionados ao aumento do DC, diminuição da resistência vascular renal e aumento dos níveis séricos de alguns hormônios. O aumento da excreção urinária de glicose, aminoácidos, proteínas e vitaminas é consequência dos aumentos da TFG e do FPR. O volume renal aumenta em até 30% além do normal. O aumento da TFG geralmente causaria uma grande perda de sódio, porém factores mitigantes resultam na manutenção da homeostase deste mineral, inclusive actuando sobre seu metabolismo e resultando numa leve retenção deste mineral. Como a função renal é muito sensível à postura durante a gravidez, geralmente aumentando a função na posição supina e diminuindo na posição vertical, a mulher grávida pode sentir necessidade freqüente de urinar quando tenta dormir.

h) Alterações Pulmonares

Os estímulos hormonais de progesterona e problemas posicionais causados pelo aumento do útero são os responsáveis pelas alterações na função pulmonar. Ocorre aumento do PO2 e diminuição do PCO2, causando hiperventilação. A circunferência torácica aumenta cerca de 10cm.

i) Alterações Gastrintestinais

Devido à pressão do útero em crescimento contra o reto e a porção inferior do cólon pode acontecer constantemente constipação (intestino preso). Regurgitação e azias também são queixas comuns durante o período gestacional, isso é causado pelo retardamento no tempo de esvaziamento gástrico e do relaxamento do esfíncter na junção do esôfago com o estômago, com consequente refluxo do conteúdo gástrico. O relaxamento do hiato diafragmático também contribui com essas queixas.
Geralmente a gravidez pode ser medida por trimestres, mas esses trimestres têm uma duração desigual uma vez que o terceiro trimestre varia de acordo com o tempo total da gravidez.
Primeiro Trimestre (Semana 1 A 12)

· A taxa metabólica aumenta em 10-25%, acelerando todas funções corporais.
· Os ritmos cardíaco e respiratório aumentam à medida que mais oxigênio tem que ser levado para o feto e mais dióxido de carbono é exalado.
· Ocorre expansão uterina pressionando a bexiga e aumentando a vontade de urinar.
· Aumento do tamanho e peso dos seios, além de aumentar a sensibilidade dos mesmos logo nas primeiras semanas.
· Surgem novos ductos lactíferos
· As auréolas dos seios escurecem e as glândulas chamadas de tubérculo de Montgomery aumentam em número e tornam-se mais salientes.
· As veias dos seios ficam mais aparentes, resultado do aumento de sangue para essa região.
Segundo Trimestre (Semana 13 A 28)

· Retardamento gástrico provocado pela diminuição das secreções gástricas, essa diminuição é resultado do relaxamento da musculatura do trato intestinal. Esse relaxamento também provoca um número menor de evacuações.
· Os seios podem formigar e ficar doloridos.
· Aumento da pigmentação da pele, principalmente em áreas já pigmentadas como sardas, pintas, mamilos.
· As gengivas podem se tornar esponjosas devido à ação aumentada dos hormônios.
· O refluxo do esôfago pode provocar azia, devido ao relaxamento do esfíncter no alto do estômago.
· O coração trabalha duas vezes mais do que uma mulher não grávida e faz circular 6 litros de sangue por minuto.
· O útero precisa de 50% a mais de sangue que o habitual.
· Os rins precisam de 25% a mais de sangue do que o habitual.
Terceiro Trimestre (Semana 29 Em Diante)
· A taxa de ventilação aumenta cerca de 40%, passando de 7 litros de ar por minuto da mulher não grávida para 10 litros por minuto, enquanto o consumo aumenta apenas 20%. A maior sensibilidade das vias respiratórias pode causar falta de ar.
· As costelas são empurradas para fora decorrente do crescimento fetal.
· Os ligamentos inclusive da pelve ficam distendidos, podendo causar desconforto ao andar.
· Desconforto causado pelas mãos e pés inchados, podendo ser sinal de pré-eclâmpsia.
· Podem ocorrer dores nas costas devido a mudanças do centro de gravidade e por um ligeiro relaxamento das articulações pélvicas.
· Os mamilos podem secretar colostro.
· Aumenta a frequência e vontade de urinar.
· Aumenta a necessidade de repousar e dormir.

2.3. A Importância do Exercício Físico na Gestação

A gravidez é um momento único na vida da mulher. Momento este que é preciso ter consciência de que muita coisa vai mudar, no corpo, na mente e no dia-a-dia da futura mãe. Estar consciente das mudanças durante a gravidez é um dos caminhos mais seguros para viver essa fase com bastante tranquilidade. A mulher grávida, antes de iniciar ou dar continuidade a qualquer actividade física, deve conversar sempre com seu médico. Aquela história de que mulher grávida deve ficar em repouso e evitar actividades físicas é coisa do passado. Com excepção dos 3 primeiros meses, onde o desporto e a malhação devem ser reduzidos, nos outros 6 meses a prática desportiva está liberada. Referimos, claramente, a uma gravidez saudável, onde nem a mãe nem o bebê sofrem algum tipo de risco. O exercício a ser praticado vai depender do condicionamento da mãe. A actividade física de intensidade leve a moderada é considerada segura e eficiente para grávidas saudáveis (ARTAL & WISWELL, 1986). Mulheres fisicamente activas durante a gravidez, tem mais facilidade de aprimorar sua condição física após o parto. Inclusive, existem vários relatos de atletas que foram campeãs logo após o nascimento dos seus filhos. Outro factor interessante é a crescente comprovação de que os exercícios podem ajudar no trabalho de parto e, se todos os cuidados necessários forem tomados, a gestante poderá desfrutar de todos os benefícios do exercício. Além de melhorar a circulação, equilibrar o ganho de peso e diminuir o cansaço (DRINKWATER, 1999).

2.4. Benefícios do exercício na gravidez

Para BARROS (1999), as mulheres sedentárias apresentam um considerável declínio do condicionamento físico durante a gravidez. Além disto, a falta de actividade física regular é um dos factores associados a uma susceptibilidade maior a doenças durante e após a gestação. Há um consenso geral na literatura científica de que a manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Apesar de ainda existirem poucos estudos nesta área, exercícios resistidos de intensidade leve a moderada podem promover melhorar na resistência e flexibilidade muscular, sem aumento no risco de lesões, complicações na gestação ou relativas ao peso do feto ao nascer. Conseqüentemente, a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alterações posturais decorrentes desse período. A actividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção do condicionamento, além de reduzir riscos de diabetes gestacional, condição que afecta 5% das gestantes. A activação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina. Os estudos também mostram que a manutenção da prática regular de exercícios físicos ou esporte apresenta fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez. Além disso, existem dados sugestivos de que a prática de exercício físico durante a gravidez exerce proteção contra a depressão puerperal.
Na literatura há alguns estudos envolvendo exercícios para a musculatura pélvica durante a gravidez. Eles são unânimes em afirmar os benefícios deste tipo específico de exercício como forma de prevenção à incontinência urinária associada à gravidez. Para além dos citados, existem outros principais benefícios biológicos do exercício durante a gravidez, tais como:
· Menor ganho de peso e adiposidade materna;
· Diminuição do risco de diabetes ;
· Diminuição de complicações obstétricas;
· Ausência de diferenças significativas em idade gestacional, duração do parto, peso ao nascimento, tipo de parto e complicações maternas e fetais;
· Menor risco de parto prematuro;
· Menor duração da fase activa do parto;
· Menor hospitalização - Diminuição na incidência de cesárea;
· Melhora na capacidade física.
Entretanto, cada vez mais se está dando ênfase aos benefícios psicológicos e sociais, que são iguais ou mais importantes que as vantagens biológicas.

2.5. Riscos para o feto

A prática de exercícios acarreta riscos potenciais para o feto em situações em que a intensidade do exercício seja muito alta, criando um estado de hipóxia para o feto, em situações em que haja risco de trauma abdominal e em situações de hipertermia da gestante. Esses fatores podem gerar estresse fetal, restrição de crescimento intra-uterino e prematuridade.
Há algumas evidências de que a participação em exercícios de intensidade moderada ao longo da gravidez possa aumentar o peso do bebê ao nascer, enquanto que exercícios mais intensos e com grande frequência, mantidos por longos períodos da gravidez, possam resultar em crianças com baixo peso.
Alguns estudos experimentais com animais demonstraram que temperaturas corporais acima de 39°C podem resultar em defeitos de fechamento do tubo neural, que deve ocorrer normalmente por volta do 25o dia após a concepção. Embora esse risco não tenha sido confirmado em humanos, sugere-se evitar sempre situações que resultem em hipertermia materna durante o primeiro trimestre de gravidez.
Durante o período de amamentação, desde que a ingesta calórica e hídrica da mãe se mantenha normal, os exercícios leves a moderados não afectam a quantidade ou a composição do leite, e por isso não exercem qualquer impacto sobre o crescimento do lactente (HANLON, 1999).

2.6. Actividade física recomendada durante a gestação

· Alongamentos (pode optar pela yoga);
· Caminhada (evitar subidas e descidas muito íngremes);
· Ciclismo (ergométrica);
· Natação;
· Localizada (o trabalho é feito apenas para manutenção do equilíbrio de força corporal);
· Hidroginástica (tem sido o mais solicitado pela liberdade de execução do exercício pela baixa gravidade, e melhor desenvoltura em exercícios aeróbicos sem a hipertermia, principalmente na modalidade deep water (águas profundas); ainda permite um maior conforto e acomodação do bebê no útero da mulher e articulações da grávida, devido as forças contrárias gravidade (p/baixo) e flutuação (p/cima), certas grávidas relatam ser um momento mágico para elas e os bebês, uma grande interação entre ambos.

2.7. Actividade física não recomendada durante a gestação

Alguns exercícios físicos merecem recomendações especiais sobre o desenvolvimento de sua prática ou contra-indicação neste período. A intensidade do exercício deve ser monitorada de acordo com os sintomas que a gestante apresentar. Esta intensidade se revela através da demanda sobre o sistema cardiovascular. A relação a seguir apresenta alguns tipos de exercícios físicos e/ou situações não recomendadas para a prática durante o período gestacional:
· Qualquer actividade competitiva, artes marciais ou levantamento de peso;
· Exercícios com movimentos repentinos ou de saltos, que podem levar a lesão articular;
· Flexão ou extensão profunda deve ser evitada pois os tecidos conjuntivos já apresentam frouxidão; exercícios exaustivos e/ou que necessitam de equilíbrio principalmente no terceiro trimestre;
· Basquetebol e qualquer outro tipo de jogo com bolas que possam causar trauma abdominal;
· Prática de mergulho (condições hiperbáricas levam a risco de embolia fetal quando ocorre a des-compressão;
· Qualquer tipo de ginástica aeróbica, corrida ou actividades em elevada altitude são contra-indicadas ou, excepcionalmente aceitas com limitações, dependendo das condições físicas da gestante;
· Exercícios na posição supino após o terceiro trimestre podem resultar em obstrução do retorno venoso.

2.8. Contra-indicações de saúde para a prática de actividade física durante a gestação

a) Contra-indicações absolutas:
- Doenças miocárdicas; - Insuficiência cardíaca congestiva; - Enfermidade cardíaca reumática; - Tromboflebite; - Embolismo pulmonar recente; - Enfermidade infeciosa aguda; - Risco de parto prematuro; - Colo uterino incompetente; - Gestação múltipla; - Saneamento uterino, ruptura da bolsa; - Retardo de crescimento intra-uterino; - Macrossomia; - Enfermidade hipertensiva grave; - Suspeita de estresse fetal.

b) Contra-indicações relativas:
- Hipertensão arterial essencial; - Falta de controle pré-natal Anemia e outras alterações sanguíneas; - Enfermidade tiroideia; - Diabetes mellitus; - Obesidade excessiva ou baixo peso extremo.

3. METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho de pesquisa, utilizamos, livros, revistas, artigos de Internet e todo material especializado na área de educação física e desporto para gestantes.

4. CONCLUSÃO

Embora já se reconheça a contribuição da prática da actividade física regular e orientada durante a gestação, ainda não existe consenso no estabelecimento da conduta ideal para essa prática. Não se encontrou na literatura revista, qualquer tipo de padronização de actividade recomendada por órgãos especializados. Cada autor estabeleceu o tipo de actividade de interesse no estudo, sua duração, intensidade e frequência, dificultando assim a comparação dos resultados encontrados nos diferentes artigos. Todavia, tendo por base a revisão, concluiu-se que quando indicada, a prática de actividade física regular, moderada, controlada e orientada pode produzir efeitos benéficos sobre a saúde da gestante e do feto.

5. RECOMENDAÇÕES

Segundo, GHORAYEB (1991), tomamos em consideração que uma série de recomendações e precauções são de suma importância para uma prática segura da actividade física, são elas:
· Evitar incremento da temperatura corporal;
· Evitar fases anaeróbias;
· Evitar exaustão e fadiga;
· Evitar exercícios em posição supina;
· Realizar aquecimento;
· Adequada ingestão calórica e boa hidratação;
· Alerta aos sinais de desidratação e exagero nos exercícios;Alerta os sinais de desidratação e exagero nos exercícios.
7. BIBLIOGRAFIA

ARTAL, R.; WISWELL, R. Exercícios na gravidez, Manole, 1986.
HANLON, T.W. Ginástica para Gestantes - O Guia Oficial da YMCA para Exercícios pré-natais. Manole, 1999.
BARROS.T.L; GHORAYEB, N. Exercícios, Saúde e Gravidez - in: O Exercício - Preparação Fisiológica, Avaliação Médica, Aspectos Especiais e Preventivos. Ed. Atheneu, 1999.
GUYTON, AC.Fisiologia Humana. Editora Guanabara Koogan S.A. 6ª ed, 1998.
SKINER, J.S. Prova de Esforço e Prescrição de Exercício Físico para casos específicos - Bases Teóricas e Aplicações Clinicas. Revinter, 1991.
ARTAL R, WISWELL RA, DRINKWATER BL. O exercício na gravidez. São Paulo: Manole; 1999. p. 299-312.
DINIZ, J. Aptidão Física e saúde_Desafios para a educação física. In Neil Armostrong et all. (Eds). A educação para a saúde. Lisboa: omniserviços.
Instituto de Ciência e Saúde de Maputo. Dep. De Genecologia e Obstretícia.
http://www.3fitness.com/3saude/exercgavidez.htm, consultado no dia 16 de Outubro de 2007, 10 horas.
http://guiadobebe.uol.com.br/gestantes/exercicios_durante_a_gravidez.htm, consultado no dia 16 de Outubro de 2007, 14:30 horas.

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