Friday, November 2, 2007

A GLOBALIZAÇÃO E O DESPORTO

RESUMO

A globalização está hoje na ordem do dia, influenciando fortemente toda a vida no planeta e a agenda política dos países. Todavia, este fenómeno é um assunto que nos últimos tempos tem suscitado diversas interpretações, entre outras por ser um tema ainda emergente, “um processo em construção”. Mesmo a ciência económica disciplina que provavelmente trabalhou a questão, reconhece a novidade do tema. Se a economia é o seu lado mais visível, as suas consequências fazem-se sentir em muitos outros domínios. O desporto não está à margem deste processo de globalização. E nem poderia ser de outro modo, porque, nas suas formas modernas, se procurou instituir e afirmar como uma linguagem universal, um modelo cultural adoptado internacionalmente.
É cada vez mais comum ouvir-se falar em desportivização da sociedade no mundo globalizado. Mas, o desporto é, talvez, hoje a forma mais popular de participação cultural, o domínio mais universal da cultura, anulando barreiras culturais como a língua, a religião, as fronteiras geográficas, ou as manifestações de nacionalismo. Aproximando participantes e espectadores de todo o mundo nas suas paixões, obsessões e desejo de vencer. A mobilidade de atletas e dos adeptos e a capacidade de retransmissão das manifestações desportivas para todo o mundo são aspectos da globalização que estão a mudar a paisagem do desporto.
A compreensão da globalização no desporto, remete – nos para as origens do desporto moderno.

Palavras – Chave: Globalização no Desporto, Desportivização da sociedade.



1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho debruça – se sobre a Globalização e o Desporto, que são dois elementos onde neles há uma interação de actividades, porém é um engano pensar numa forte casualidade entre elas. A globalização corporiza uma rede de interdependências políticas, económicas e sociais que ligam os seres humanos, e inclui a emergência de uma economia global, trocas de tecnologias, redes de comunicações, migrações, uma cultura transnacional e movimentos internacionais que caracterizam o nosso tempo. Como consequência, as pessoas estão a experimentar novas relações de tempo e de espaço, com a aceleração do primeiro e a limitação do segundo. O que conduz a um maior grau de interdependência, mas também a uma maior consciência do sentido do mundo como um todo.
O desporto, devido a globalização crescente consegue unir pessoas de diferentes entidades culturais. É neste âmbito que surge o tema “A Globalização e o Desporto”.

1.1. Justificativa

A era da globalização é um tempo de mudanças aceleradas e constantes. Estas mudanças ocorrem no campo económico, cultural, social e humano sem precedente na história. Percebe - se que o desenvolvimento econômico das últimas décadas, a queda das barreiras geográficas e a comunicação transformaram sobremaneira a cultura, a economia, a política, a religião e a sociedade.
Factores como competitividade, inovações tecnológicas são resultado de uma globalização crescente e demandam uma completa revisão das acções e conceitos até aqui realizados. Desse modo, os estudos sobre a socialização contribuem de forma significativa para planejamento das acções, que permitirão às pessoas aprender e a desenvolverem – se intelectualmente, proporcionando a inserção dessas como membros das organizações modernas.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral
  • Analisar como se estabelece o processo de globalização dentro do desporto é o objectivo principal deste trabalho.

    1.2.2. Objectivos Específicos
  • Analizar as situações concretas que ocorrem entre a globalização e o desporto, a fim de obtermos subsídios na sua interação.
  • Identificar o impacto económico, social e cultural que pode trazer a globalização.

    2. GLOBALIZAÇÃO E O DESPORTO

a) Globalização versus Desporto

António Negri, pensador italiano, em seu livro “império”, “a globalização é um processo sócio - política e económico do mundo definida por uma forma de organização da hierarquia vertical ou de estruturas de poder”. Segundo Samuel Huntington, a globalização é o processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demais modos de vida de produção do mundo. Contudo, situando-nos nas duas difinições globalização é um processo de aprofundamento da integração económica, social, cultural e espacial do mundo que surge na necessidade de formar uma aldeia global que permita maiores ganhos para os mercados internos já saturados.
Desporto é actividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser desporto tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competitividade entre opostos. Contudo, a nível do desporto, a globalização é bem mais antiga e teve início com o Barão de Coubertin, que há mais de cem anos, através de Movimento Olímpico Internacional, vem sendo um exemplo concreto de uma experiência global.
O desporto como actividade reflete o estilo de vida global. Tem sido um dos elementos que, apresenta - se como um meio positivo no estabelecimento das relações internacionais. Todavia, o desporto tem uma linguagem universal própria, que integra e interage no universo das experiências humanas e pode possibilitar a integração dos povos, a partir do respeito às identidades culturais. Outra questão que vem a tona quando se discute a globalização, e em particular no que se refere ao desporto, são as relações espaço/comunidades que até então compartilhavam basicamente dos mesmos espaços geográficos, e hoje encontram-se espalhadas por espaços diferenciados, criando outras formas e meios de relações.
Neste contexto, percebe-se que apesar da questão da globalização parecer estar vinculada num primeiro momento a questões superficiais, ela envolve uma série de concepções complexas que ainda se encontram em fase de discussão por profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, entre elas o desporto, indiferentemente das raças, culturas, políticas ou economias existentes.

b) A Globalização do Desporto

Devido a globalização, o século XX assistiu ao desenvolvimento do desporto competitivo como um fenómeno global. Desde 1894, o movimento olímpico disseminou-se em todo o planeta. A sua globalização concretiza-se no facto de existirem hoje 199 comités olímpicos nacionais. O arranque do processo de globalização no desporto está associado à 3a fase do processo de desportivização. Com efeito, o último quarto do séc. XIX testemunhou a disseminação do desporto, o estabelecimento de organizações desportivas internacionais, a aceitação mundial de regras de governo de desporto, a multiplicação de competições entre equipas nacionais e o estabelecimento de competições globais, como os Jogos Olímpicos e os campeonatos do mundo em muitos desportos. Nesta fase do desporto global, os ocidentais e em particular os ingleses, foram os “jogadores” dominantes. O Reino Unido era, então, o poder hegemónico e os seus desportos (futebol, cricket, atletismo) proliferaram pelo mundo, diminuindo o espaço de influência dos jogos nativos tradicionais (WRIGHT, 1999). Mas, não estiveram sozinhos. Os ginastas dinamarqueses, suecos e alemão constituem um exemplo para o desenvolvimento do desporto global.
De uma forma geral, o desporto tornou-se então um idioma global entre os anos 1920 e o final da década de 60. Embora ocidental na sua orientação, o desporto tem sido um dos mais poderosos instrumentos de aculturação alguma vez conhecidos na humanidade. A resistência à hegemonia ocidental no desporto assumiu formas várias, como a rivalidade entre o ocidente e o bloco comunista durante o período da “guerra fria”. Outras nações não ocidentais surgiram a disputar a proeminência desportiva, batendo os antigos colonizadores, especialmente os ingleses. Faziam - no, contudo, nos jogos dos antigos colonos e não nas suas próprias manifestações nativas. Desde os finais da década de 1960 alteraram-se os equilíbrios do poder. Em desportos como o badminton, o cricket, o ténis de mesa, o futebol e o atletismo, cresceu a influência de asiáticos, sul-americanos e africanos. O controlo das organizações desportivas internacionais e do movimento olímpico começou então a expandir – se, embora devagar, conseguiu atingir até dias de hoje todo o globo terrestre.

c) O Processo de Desportivização

O desporto moderno nasceu em Inglaterra. Para Joseph Maguire, Professor de Sociologia do Desporto da Universidade de Loughborough (MAGUIRE, s.d.), o processo de desportivização desenvolveu-se em cinco fases:
1ª fase: (séculos XVII e XVIII) surgiram o cricket, as corridas de cavalos e o boxe;
2ª fase: (séc. XIX) o futebol, o rugby, o ténis e o atletismo;
3ª Fase: (finais do séc. XIX e princípios do séc. XX) engloba a disseminação das formas de desporto inglesas na Europa continental e no império britânico e está associada à emergência de intensas formas de nacionalismos e à institucionalização da maioria dos desportos a nível internacional;
4ª fase: (anos 20 aos anos 60 do séc. XX) é marcada por lutas entre as nações ocidentais para a afirmação no desporto;
5ª fase: (Desde os finais da década de 1960) caracteriza - se por um crescente protagonismo de nações não Ocidentais contestando a hegemonia ocidental no desporto. A emergência e difusão das modernas formas despotivas à escala global está ,por isso, relacionada de uma forma mais vasta como o processo civilizatório (MAGUIRE, s.d.).

d) Características do Desporto Global

Durante as três últimas décadas desenvolveu-se uma poderosa indústria do desporto (WRIGHT, 1999). Vários aspectos caracterizam a expressão global do desporto: Os movimentos internacionais de pessoas, que incluem deslocações de espectadores e de trabalhadores ligados às profissões do desporto. As migrações de atletas, treinadores e cientistas do desporto entre nações, continentes e hemisférios é um aspecto marcante do desporto no final do século XX.
Um exemplo respeita aos Jogos Olímpicos (JO) de Sidney 2000: dois terços dos treinadores principais da selecção olímpica australiana foram provenientes de outros países. Outro exemplo é o dos futebolistas brasileiros: No período 1999-2000, 658 jogadores brasileiros emigraram para 61 países. O primeiro país de destino foi a Alemanha com 137 atletas, seguido de Portugal com 136.
Outros aspectos da globalização dizem respeito: à dimensão tecnológica, traduzida pelo fluxo entre países de maquinaria e equipamentos produzidos por corporações transnacionais; à dimensão económica, com grandes fluxos de dinheiro a circular em todo o mundo; à dimensão dos media, com grande circulação de imagens e informação entre países, produzidas e distribuídas pelos jornais, revistas, rádio, filmes, televisão, video, satélite, cabo e pela internet - a cobertura pelos media dos JO de Sidney é elucidativa: os jogos foram transmitidos para 220 países, 3.9 biliões de pessoas acederam à TV em todo o mundo e os custos dos direitos de televisão foram de 1.3 biliões de dólares; e, finalmente, à dimensão ideológica, ligada ao fluxo de valores associados às ideologias e movimentos contra e a favor do Estado. Estas cinco dimensões podem ser detectadas no desenvolvimento do desporto do final do século XX.

3. METODOLOGIA

Após a pesquisa, consulta de vários documentos e compilação de dados foram criados mecanismos que se basearam no resumo da matéria e escrituras de vários autores. Posteriormente, verificou-se o relato de vários populares, obtido por meio do diálogo. De notar que os meios de comunicação social também serviram para a efectivação desta obra.

4. RESULTADOS

Verifica-se que mais de 82% dos cidadãos que com elas conversamos, tem conhecimento das vantagens e desvantagens da globalização no desporto; Percebe – se portanto, que devido a globalização o mundo fica mais pequeno e há um convívio entre os membros participantes no desporto.
Há maior interesse no investimento económico, na construção das infra – estruturas para o desporto.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o fim do século XIX, altura em que despontou para o mundo, que o desporto cresceu e sofreu várias transformações conceptuais não havendo dúvidas que hoje, em termos geográficos, atingiu a globalização. Não há dúvidas também que, o desporto é uma indústria à volta da qual gravitam milhões de dólares.
Nos últimos 50 anos o desporto não só se transformou numa diversão, mas também fez e faz crescer outras áreas da sociedade como a economia e a política interpretando da melhor forma as visões de geopolíticos consagrados. Com uma divisão multipolar do mundo, o desporto mais do que qualquer factor envolve regiões, pessoas e nações, fazendo parte da sua cultura.

6. RECOMENDAÇÕES

Em linhas mais gerais, tomamos em consideração que o tempo passa o mundo evolui e o interesse pelo desporto está cada vez mais crescente e devido a evolução há muitas transformações tecnológicas, os estatutos e leis no desporto são alterados continuamente. Contudo, o presente trabalho não termina por aqui. Recomendamos aos académicos, intelectuais, pesquisadores que está aberto um espaço para dar continuidade às investigações e/ou o debate sobre o mesmo.

7. BIBLIOGRAFIA

DAVIES, R. Sport.Cidadania e Desenvolvimento: desafios e opurtunidades para responsáveis desportivos. Discurso do fórum mundial desportivo.Laussanne: [s.ed], 2000
MAGUIRE, J. O Desporto e a Identidade, Universidade de Massachuts, 269, 2003
WRIGHT, G. Efeitos da Gobalização no Desporto. U. Boston. Departameno dos Desportos 1999.
COELHO, João Nuno.Futebol e Identidade Nacional. Relações nternacionais.Universidade Nova de Lisboa,2002
BASTOS, Remo B. Globalização, O Império da Miséria. Fortaleza, Editora Vestseller, 2007
GARDELS, Nathan.Globalização produz países ricos com pessoas pobres: Para Stiglitz, a receita para fazer esse processo funcionar é usar o chamado "modelo escandinavo" . Economia & Negócios, O Estado de S. Paulo, 27/09/2006
STIGLITZ, J.E. A Globalização e seus malefícios. A promessa não cumprida de benefícios globais. São Paulo, Editora Futura, 2002.
COSTA, Jurandir Freire. Psicanálise, ciência e cultura. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1994.
__________________ Narcisismo em Tempos Sombrios . in BIRMAN, Joel (org.) "Percursos na história da psicanálise". Rio de Janeiro: Taurus Ed., 1988.
ORTIZ, Luís C.Globalizacion: nuevos tiempos. Madrid, 1994.

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