Wednesday, April 23, 2008

PROBLEMATIZAÇÃO DO CONCEITO DO DESPORTO

RESUMO

O presente trabalho debruça – se sobre o conceito do Desporto, fenómeno que é um assunto que nos últimos tempos tem suscitado diversas interpretações, entre outras por ser uma actividade praticada pelas massas. Assim, constitui ainda um tema emergente, “um processo em construção”.
Mas, o desporto é, talvez, hoje a forma mais popular de participação cultural, o domínio mais universal da cultura, anulando barreiras culturais como a língua, a religião, as fronteiras geográficas, ou as manifestações de nacionalismo. Aproximando participantes e espectadores de todo o mundo nas suas paixões, obsessões e desejo de vencer. A mobilidade de atletas e dos adeptos e a capacidade de retransmissão das manifestações desportivas para todo o mundo são aspectos que mudam a paisagem do desporto.O trabalho tem como objectivo relacionar e analizar a conceiptuação do desporto actualmente. O método usado para a elaboração deste trabalho de pesquisa foi a consulta de livros, revistas desportivos, artigos de internet e conversa com os técnicos desportivos. Concluí-se que o desporto contribui no desenvolvimento da p[ersonalidade e é também um foco de ensino de responsabilidade, subordinação e modela os níveis de aspiração, fomentando esforço e a persistência (Roberts, 1986).
1. INTRODUÇÃO

O Desporto é definido como uma actividade educativa quando permite o desenvolvimento das suas mobilidades motrizes e psicomotrizes, em relação aos aspectos afectivos, cognitivos e sociais em relação a sua personalidade (Le Boulch).
A prática regular do desporto demonstra a opção por um estilo de vida mais activo, relacionado ao comportamento humano voluntário, onde se integram componentes e determinantes de ordem biológica e psico-sócio-cultural. Porém, o desporto permite uma interação entre as culturas, onde reside regras morais que permeiam e preenchem a sociedade. Contudo, o desporto procura instituir e afirmar como uma linguagem universal, um modelo cultural adoptado internacionalmente. A compreensão do conceito do desporto, remete – nos para as origens do desporto moderno, que faz a união crescente de pessoas de várias entidades culturais.
1.1. Problema
O presente trabalho pretende fazer uma análise comparativa das características do Jogo e do Desporto em várias vertentes.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo Geral
Analisar a interacção e o conceito entre o desporto, o jogo, a sociedade e a cultura é o objectivo principal deste trabalho.

1.2.2. Objectivos Específicos
Analizar as situações concretas que ocorrem na conceptuação do desporto, jogo, sociedade e cultura, a fim de obtermos subsídios na sua interação.
Identificar possíveis impactos, social e cultural, que pode trazer o desporto.

2. ANÁLISE COMPARATIVA DAS CARACTERÍSTICAS DO JOGO E DO DESPORTO

2.1. Conceito do Desporto

Para aprofundarmos mais o nosso estudo começaremos por definir alguns conceitos relacionados com o tema. Assim, Desporto, é actividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser desporto tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competitividade entre opostos. Todavia, o desporto tem uma linguagem universal própria, que integra e interage no universo das experiências humanas e pode possibilitar a integração dos povos, a partir do respeito às identidades culturais. Outra questão que vem a tona quando se discute a actualidade desportiva, são as relações espaço/comunidades que até então compartilhavam basicamente dos mesmos espaços geográficos, e hoje encontram-se espalhadas por espaços diferenciados, criando outras formas e meios de relações.
Neste contexto, percebe-se que apesar de várias culturas existentes no mundo o desporto pode parecer estar vinculado num primeiro momento à questões superficiais, ela envolve uma série de concepções complexas que ainda se encontram em fase de discussão por profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, indiferentemente das raças, culturas, políticas ou economias existentes.

a) Desporto como Fenómeno Sócio – Cultural

Esta actividade, envolve a prática voluntária de actividade predominantemente física competitiva com finalidade recreativa ou profissional, ou predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e/ou aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e espectadores. Além de ser uma forma de criar uma identidade desportiva para uma inclusão social.
Para ser desporto tem de haver envolvimento de habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competividade entre opostos. O Desporto está representado por um jogo caracterizado por finalidades agonísticas, que apresenta como propriedade fundamental o exercício físico submetido a uma regulamentação.

2.2. O Jogo e o Desporto

O Jogo é toda e qualquer competição em que as regras são feitas ou criadas num ambiente restrito ou até mesmo de imediato, em contrapartida ao desporto em que as regras são universais. Geralmente, os jogos têm poucas regras e estas são simples. Pode envolver um jogador sozinho ou dois ou mais jogando cooperativamente. A maioria dos jogos são disputados como uma forma de lazer, sem que os participantes enfoquem na competição a vitória como ponto essencial.
O filósofo Huizinga, em 1938, escreveu seu livro Homo Ludens, no qual argumenta que o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (Homo sapiens) e a fabricação de objetos (Homo faber), então a denominação Homo ludens, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da civilização.
Huizinga define jogo como: “uma actividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana.”
Em suma pode – se afirmar que o jogo, é uma tarefa de rivalidade, que se busca objectivos (vitória) normalmente o jogo é realizado entre duas pessoas onde uma é rival da outra, onde também entre duas equipes, trabalham entre sí para boas performances. Podemos observar, no entanto, que existem regras para um jogo tal como em qualquer desporto. Contudo, é neste contesto que reside a interacção entre os dois campos.

2.3. A Cultura e o Desporto

A Cultura Desportiva foi buscar muitas das suas características ao denominado «desporto para todos», uma vez que esta assenta nos mesmos pressupostos sociais e desportivos.
Na perspectiva de Soria e Cañellas (1998: 41) o «desporto para todos» terá sido um produto da intervenção dos poderes políticos, que terão proporcionado a prática físico-desportiva em toda a sociedade, tanto de actividades como de instalações desportivas, que foi incluído no processo de democratização social do país como mais um elemento de qualidade de vida”.
A cultura, é definida como práticas de acções sociais que seguem um padrão determinado no espaço e no tempo. Se refere as crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e preenchem a sociedade. Segundo a definição, podemos referir que o desporto é para todos e este facto é uma realidade na maioria dos países abrangendo, cada vez mais, elevadas percentagens da população, que procuram combater ou evitar problemas de saúde, divertir-se, melhorar a sua condição física, entre outros aspectos. Esta política alarga-se actualmente em Moçambique, onde se tem verificado nas últimas décadas um esforço por parte do poder central, e por entidades particulares, em dotar as localidades de infra-estruturas que proporcionem um desporto regular e com qualidade. Numa primeira fase o “desporto para todos” era considerado um complemento ao antigo desporto, sendo que viria posteriormente a evoluir para diferentes variáveis com o auxílio da animação e recreação desportiva.
Para Alturas (2000: 7), na revista Desporto, «as populações tomaram progressivamente consciência de que o acesso à prática desportiva constitui um direito do indivíduo. Parece, incontestável assim, que o desporto ocupa actualmente um lugar de destaque na vida de qualquer comunidade».
O desporto associado a cultura tem como principal finalidade a diversão convertendo-se num meio em que cada pessoa tenta alcançar os seus próprios objectivos (saúde, relaxação, socialização, diversão, entre outros) e a inexistência de grandes regras ou imposições, o que leva pessoa a organizar o seu programa desportivo solicitando a ajuda de técnicos e médicos, mediante a sua idade, o seu sexo, as condições físicas, o seu historial desportivo, entre outros.
Estas características fazem com que a animação desportiva seja indicada como um elemento de dinamização que estimula a prática de desporto, pela capacidade de interligar o participante a actividade.
A interacção entre o desporto de lazer e a animação desportiva, tem originado o desenvolvimento de actividades específicas, onde surgem atitudes e comportamentos em que todos os participantes, assumem uma participação activa.

2.4. A Sociedade e o Desporto

O Desporto poderá ser hoje considerado como um fenómeno social de grande dimensão e complexidade, não se podendo desligar dos vários sectores da vida comum, quer seja no domínio da indústria, da economia, da ciência ou da política.
O desporto é um dos indicadores do poder de um país reforçando a identidade nacional, regional ou local, dando ao cidadão comum a sensação de pertencerem a um mesmo grupo. Aproxima jogadores e espectadores, sócios e não sócios proporcionando-lhes uma relação de pertença e igualdade de direitos, sensação impar na sociedade onde nos inserimos.
Por outro lado, o desporto parece constituir uma actividade fundamental no processo de desenvolvimento do ser humano revelando-se como suporte no processo educativo do jovem. Contudo, a esta definição de princípios, por todos aceite, não tem correspondido a concretização de uma acção eficaz, estando o país relativamente aos índices de prática desportiva.
Os clubes, substituem o Estado nas suas obrigações, proporcionam à comunidade onde se insere a possibilidade de uma prática desportiva regular, muitas vezes sem as condições consideradas minimamente satisfatórias para o efeito, sendo estas acções desenvolvidas, na maior parte dos casos, em regime de voluntariado.

a) Desporto para todos

O desporto assenta em valores sociais, educativos e culturais essenciais. Constitui um factor de inserção, de participação na vida social, de tolerância, de aceitação das diferenças e de respeito pelas regras.
A actividade desportiva deve ser acessível a todos quaisquer que sejam as suas capacidades ou interesses.
A actividade física das pessoas com deficiência assume grande importância, pelo que deve ser incentivada. Representa um meio significativo de reabilitação, de reeducação, de inserção social e de realização individual.
Os Estados-Membros incentivam o voluntariado desportivo, eventualmente com o apoio da Comunidade, no âmbito das suas competências.

b) O Papel da Comunidade

As organizações desportivas e os Estados-Membros têm uma responsabilidade primordial na condução das questões desportivas. A Comunidade apenas dispõe de competências indirectas neste domínio. No entanto, considera-se que a Comunidade deve ter em conta as funções sociais, educativas e culturais do desporto na sua acção ao abrigo das diferentes disposições do tratado a fim de preservar o papel social do desporto.

2.5. Problematização do Conceito do Desporto

a) O Jogo, a Cultura e a Sociedade_Um exercício de corelação

Segundo, Johan Huizinga (1993), O jogo, como um elemento cultural, possui uma realidade autônoma, cria suas características e atende a determinadas funções previamente estabelecidas num universo não material. Nessa esteira de análise, o autor passeia pela historicidade das práticas corporais mais remotas, sustentando-se por ferramentas antropológicas e filosóficas.
Sumariamente, o autor defende que o jogo tem sua essência no divertimento, na alegria e na tensão, ou seja, toda referência constitutiva dos jogos, em seu contexto cultural, deveria ser fundamentada numa sistematização que, a priori, atenderia a esses princípios. Em contrapartida, ocorrem equivocadas interpretações nas quais o jogo é tido como uma manifestação destituída de seriedade, justamente ausência do carácter que lhe concederia posição de destaque no universo dos estudos culturais. A essa argumentação, Huizinga rebate com o exemplo do jogo de xadrez, ou mesmo de uma partida de futebol entre crianças, questionando se não há seriedade em ambas as acções, se não existe nos dois exemplos respeito às regras, mesmo sendo elas construídas e/ou alteradas pelos próprios participantes? Com isso, o autor pretende nos mostrar que não devemos trabalhar, ou melhor, pensar o jogo e a cultura num contexto de polaridades ou submissões, pelo contrário, é pertinente tecermos análises que partam do pressuposto da interdependência, da correlação, da intimidade entre a seriedade e o divertimento, do riso e do prazer, do sagrado e do profano. Para Huizinga,
Todo jogo se processa e existe no interior de um campo previamente delimitado, de maneira material ou imaginária, deliberada ou espontânea. Tal como não há diferença formal entre o jogo e o culto, do mesmo modo o “lugar sagrado” não pode ser formalmente distinguido do terreno do jogo. A arena, a mesa de jogo, o círculo mágico, o templo, o palco, a tela, o campo de tênis, o tribunal etc., têm todos a forma e a função de terrenos de jogo, isto é, lugares proibidos, isolados, fechados, sagrados, em cujo interior se respeitam determinadas regras. Todos eles são mundos temporários dentro do mundo habitual, dedicados à prática de uma actividade especial.
Objectivamente, não é esta a fatia da obra de Huizinga que pretendemos degustar, muito embora ela seja muita atractiva e permissiva de novas abstracções. Para nosso ensaio buscamos do autor o que ele chamou de “características formais do jogo” e as principais “funções do jogo” para que nessa leitura possamos identificar suas diferenciações e/ou aproximações com o desporto moderno. Pensando nas características formais, encontramos a síntese de que o jogo deve ser considerado como:
uma actividade livre, conscientemente tomada como “não-séria” e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total. É uma actividade desligada de todo e qualquer interesse material, com a qual não se pode obter lucro, praticada dentro de limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras. Promove a formação de grupos sociais com tendências a rodearem-se de segredo e a sublinharem sua diferença em relação ao resto do mundo por meio de disfarces ou outros meios semelhantes.
Com respeito às funções do jogo, basicamente elas se resumem em duas, a saber: a) no jogo, luta-se por alguma coisa; b) no jogo, temos que representar alguma coisa. Para o momento vamos nos furtar de um aprofundamento nessas questões, apenas destacamos que ao pensarmos preliminarmente nas manifestações do desporto moderno, invariavelmente, encontraremos simulacros que atenderam a essas funções.
Seguindo com a organização proposta para este texto, temos em H. Eichberg (1995) a proposta de um modelo de análise do desporto moderno que define alguns pressupostos, por exemplo: para o autor, quando falamos em modelos desportivos, temos que levar em consideração que os mesmos não se apresentam em uma forma monolítica, ou seja, os modelos, fundamentalmente a partir da década de 1970, apresentam-se em manifestações de rupturas. Algumas são destacadas na sua argumentação.
A primeira delas seria a evidente ruptura entre os “desportos clássicos” e os movimentos culturais alternativos que desembocou no que o autor chamou de “sociologia dos conflitos culturais”. Na sua lógica de explanação, Eichberg (1995) destaca a contraposição do mercado do corpo frente às práticas tradicionais dos clubes socio-recreativos, desse contexto, emerge a “sociologia dos estilos de vida”. Por fim, há a correlação estabelecida entre a perspectiva do desporto de alto rendimento e o circo midiático na qual tem-se a definição e a luta pelos espaços sociais, as delimitações do amadorismo e do profissionalismo, e a perspectiva do colectivo frente ao processo de individualização. Conclama-se para essa manifestação a “sociologia do espectáculo”.
Desporto está representado por um jogo caracterizado por finalidades agonísticas, que apresenta como propriedade fundamental o exercício físico submetido a uma regulamentação.
A finalidade do desporto deferencia é lazer, porém o jogo baseia-se mais na competição entre dois ou mais adversários a fim de atingir objectivo único que é a vitória.

3. METODOLOGIA

Após a pesquisa bibliográfica, consulta de vários documentos e compilação de dados foram criados mecanismos que se basearam no resumo da matéria e escrituras de vários autores. De notar que os meios de comunicação social também serviram para a efectivação desta obra.

4. CONCLUSÃO

Desde o fim do século XIX, altura em que despontou para o mundo, que o desporto cresceu e sofreu várias transformações conceptuais não havendo dúvidas que hoje, atingiu grandes patamares a nível da ciência. Não há dúvidas também que, o desporto é uma indústria à volta da qual gravitam milhões de dólares.
Nos últimos 50 anos o desporto não só se transformou numa diversão, mas também fez e faz crescer outras áreas da sociedade como a economia e a política interpretando da melhor forma as visões de geopolíticos consagrados. Com uma divisão multipolar do mundo, o desporto mais do que qualquer factor envolve regiões, pessoas e nações, fazendo parte da sua cultura.

5. RECOMENDAÇÕES

Em linhas mais gerais, tomamos em consideração que o tempo passa o mundo evolui e o interesse pelo desporto está cada vez mais crescente e devido a evolução há muitas transformações tecnológicas, os estatutos e leis no desporto são alterados continuamente. Contudo, o presente trabalho não termina por aqui. Recomenda-se aos académicos, intelectuais, pesquisadores que está aberto um espaço para dar continuidade às investigações e/ou o debate sobre o mesmo.

6. BIBLIOGRAFIA

MAGUIRE, J. O Desporto e a Identidade, Universidade de Massachuts, 269, 2003
STIGLITZ, J.E. A Globalização e seus malefícios. A promessa não cumprida de benefícios globais. São Paulo, Editora Futura, 2002.
HUIZINGA, J. Homo Ludens. 4a ed. São Paulo: Perspectiva, 1995.
EICHBERG, H. Sociologia do Desporto; Sociedade Internacional do desporto, 30: 1 – 19, 1995
http://www.artzero.net/textos/jogo.pdf, acessado aos 03 de Abril de 2008, 09:47
http://www.fef.unicamp.br/sipc/anais9/artigos/mesa_redonda/art13.pdf, acessado aos 04 de Abril de 2008, 14:25
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desporto, acessado aos 14 de Novembro de 2007, 13:11